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História da Hotelaria Hospitalar em Portugal II

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Continuação do post “Hotelaria Hospitalar em Portugal e na Carreira de Alexandre Duarte“.

Os tempos e as mentalidades mudaram, sendo certo que o incremento, o reconhecimento e a valorização da área de Hotelaria Hospitalar, é hoje em dia, uma realidade à escala planetária.

Em Portugal, os anos 90, foram também marcados por outro fenómeno: o surgimento e o crescimento do outsourcing (terceirização) das prestações hoteleiras. Até aí muitas instituições asseguravam parte das prestações hoteleiras com pessoal próprio (auxiliares de alimentação, auxiliares de apoio e vigilância, etc), tendo-se progressivamente passado a recorrer à contratação externa, inclusivamente numa perspetiva de gestão integral do serviço.

Outra grande mudança ocorrida no Sistema de Saúde Português, e que contribuiu claramente para o incremento da Hotelaria Hospitalar entre nós, foi a concessão da gestão de serviços públicos de saúde a grupos privados, designadamente em regime de parceria público-privada, as chamadas PPP. Paralelamente, esses grupos privados, suportados por instituições bancárias e seguradoras, viram no mercado da saúde uma oportunidade de negócio, pelo que começaram a construir hospitais e clínicas privadas, apostando na diferenciação da componente hoteleira do serviço/produto que ofereciam aos seus clientes.

Estas e outras alterações verificadas nos últimos quinze anos em Portugal, como seja o caso da alteração do regime jurídico da gestão hospitalar, ocorrida em 2002, contribuíram decisivamente para que fosse havendo massa crítica a nível nacional, o que levou a que um grupo de profissionais da área hoteleira, viesse a dar corpo à criação da Associação Portuguesa de Hotelaria Hospitalar, fundada em 2010. Mas sobre este tema, falarei noutra ocasião.

No período em que estive a exercer funções no Hospital Amadora-Sinta (1995-2000), implementámos um novo modelo de gestão na área hoteleira, alavancado por uma série de ferramentas de gestão, à época consideradas “inovadoras”, tendo-se criado as bases para o que hoje é considerado um dos melhores serviços de Gestão Hoteleira em Portugal, a quem compete a coordenação e distribuição da dieta aos doentes, a gestão e fiscalização dos contratos de restauração, cafetaria, limpeza, jardins, tratamento de resíduos e tratamento de roupa e fardamento, funções “clássicas” da HH. Obviamente que o empenho e a dedicação duma equipa altamente motivada, foram também fatores críticos de sucesso.

Nesse período dei ainda início à minha pós-graduação em Administração Hospitalar, tendo concluído o curso em 1999. Logo de seguida, assumi a Direção do Serviço de Gestão Hoteleira do Hospital de Curry Cabral, cargo que desempenhei durante 8 anos (2000-2008).

Foi outro desafio extremamente aliciante na medida em que a proposta que me foi feita, passava por mudar radicalmente a imagem do Hospital nessa área, promovendo o conforto, a segurança e o bem-estar e profissionalizando a gestão das prestações hoteleiras, tendo em vista, não só obter ganhos de eficiência, mas também aumentar o grau de satisfação dos utilizadores, internos e externos, melhorando genericamente a qualidade dessas prestações, designadamente nas seguintes áreas de atuação: Alimentação, Higiene e Limpeza, Tratamento de Roupa e Fardamento, Segurança e Vigilância, Resíduos Hospitalares, Comunicações Telefónicas, Manutenção de Espaços Verdes, Controlo de Pragas e Gestão de Espaços Comuns.

Nesse período e durante 1 ano e alguns meses, acumulei a Direção do Serviço de Gestão Hoteleira, com a Direção do Serviço de Gestão de Doentes (2006-2007), área fundamental em qualquer instituição de saúde, mas mais vocacionada para o processo assistencial ao cliente-utente, atendimento e cobrança de taxas moderadoras, gestão processual e administrativo-legal, arquivo clínico, tratamento de dados de produção e dados estatísticos, entre outras competências.

Em 2009, iniciei funções na Direção-Geral da Saúde (DGS), como assessor da Direção e em meados desse ano, tive a honra de integrar a equipa que deu início a um novo e aliciante projeto de âmbito nacional: a criação do Departamento da Qualidade na Saúde (DQS), que tem, entre outras, as seguintes competências:

Emissão de orientações e normas técnicas (clínicas e organizacionais), elaboração de Processos Assistenciais Integrados (PAI), coordenação do sistema de qualificação das unidades de saúde, onde se incluí a Acreditação, coordenação das medidas de prevenção e controlo das infeções associadas aos cuidados de saúde e das resistências aos antimicrobianos, gestão da notificação de incidentes e de adventos adversos, coordenação dos fluxos de mobilidade de doentes portugueses no estrangeiro e de doentes estrangeiros em Portugal, etc.

Como já referi, presentemente sou auditor sénior do Programa Nacional de Acreditação em Saúde (PNAS) do Ministério da Saúde Português e gestor nacional desse programa.

No âmbito da Acreditação de Unidades de Saúde, e nos moldes em que o modelo ACSA está desenhado, uma das dimensões da qualidade que assume particular relevância, são os processos de suporte à atividade clínica e nesse quadro, as prestações hoteleiras, são naturalmente alvo de análise e auditoria, pelo que são indissociáveis de todo o processo.

Para terminar, resta-me, mais uma vez, dar os parabéns à Ana Augusta pelo dinamismo do blog da Hotelaria Hospitalar, sendo certo que a partir de agora iremos contribuir para o seu incremento internacional, escrevendo regularmente para o mesmo. Fiquem atentos às novidades!

Saudações cordiais de LISBOA e até breve!

ADAlexandre Manuel de Oliveira Duarte

Licenciado em Organização e Gestão Turística, Pós-graduado em Administração Hospitalar.

Sócio fundador da Associação Portuguesa de Hotelaria Hospitalar (APHH), Diretor da revista “Hotelaria & Saúde” e membro do Grupo Técnico do Plano Nacional de Saúde Português (PNS) 2012-2016, em representação da Direção-Geral da Saúde.

Atualmente trabalha na Direção-Geral da Saúde, no Departamento da Qualidade, como auditor sénior do Programa Nacional de Acreditação em Saúde (PNAS) do Ministério da Saúde Português, baseado no modelo de acreditação de unidades de saúde da Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA), sendo igualmente gestor nacional desse programa.

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